Pânico de ir para a escola

segunda-feira, 8 de novembro de 2010 Postado por Allan Pitz


Suposta gangue comandada por meninas faz vítimas e leva temor a estudantes de escola estadual da zona norte de Sorocaba.


Brigas na saída de escolas existem desde que nossos bisavós eram estudantes, ou antes. “Pode ser uma forma de se impor diante dos amigos”, explica a psicóloga Vanessa Sanches. Mas em alguns casos os pequenos conflitos que começam na sala de aula são transformados em um cotidiano de terrorismo psicológico e físico. No Jardim Guadalupe alunos de uma escola estadual e seus familiares temem a ação de uma suposta gangue, formada quase que exclusivamente por meninas, que teria protagonizado casos de violência contra adolescentes nas últimas semanas.

As queixas a respeito do bando – formado por duas ex-alunas da Escola Estadual Roque Conceição Martins e suas amigas – começaram a surgir há seis meses. As vítimas são sempre meninas e pelo menos três chegaram a ser agredidas fisicamente. O caso mais recente vitimou a estudante I., 13 anos, que teria sido cercada por um grupo de mais de 10 garotas na saída da escola e agredida com chutes e socos. O motivo da agressão: a vítima não teria aceitado “ficar” com um amigo das agressoras.

“Isso foi só o desfecho. Todos os dias elas me esculaxavam. Jogavam lixo em mim dentro da escola, era um horror”, afirma a estudante, que foi agredida no dia 19 de outubro e ainda não tem coragem de retornar à escola.


Transferidas
Embora a diretoria da escola estadual Roque Conceição Martins alegue que não irá se pronunciar sobre o caso, funcionários confirmaram à reportagem que as meninas que teriam sido pivô das recentes brigas foram transferidas para outras escolas da rede. Mesmo assim, como são moradoras das imediações, elas continuariam coagindo estudantes da escola com a ajuda da suposta gangue que integram.

As famílias de alunos cogitam a elaboração de uma abaixo-assinado que seria entregue à Polícia Militar solicitando a colocação de policiais na porta da escola nos horários de entrada e saída de alunos. Apesar da PM ter o programa de ronda escolar, o comando da corporação afirma que é impossível manter uma viatura na porta de cada escola da rede pública da cidade sem comprometer o patrulhamento ostensivo de prevenção a crimes que é feito no restante da cidade.


Ministério Público vai apurar

Os casos de violência ocorridos na Escola Roque Conceição mobilizaram o Ministério Público de Sorocaba a investigar a existência de outras possíveis gangues que agem nas escolas. Segundo o promotor da Infância e Juventude Antônio Farto Neto, os integrantes desses bandos, se forem menores de idade, poderão ser submetidos às medidas sócioeducativas do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).


Mãe de vítima teme represálias:
‘Nem dormir eu consigo mais’
Eliana da Silva Rios, 29, mãe de uma das alunas agredidas, afirma que a violência que nasceu na esfera escolar mudou a rotina da família: “Está todo mundo com medo, pois tememos que as meninas e seus conhecidos possam querer se vingar pelo fato delas teria sido obrigadas a deixar a escola.”

Há seis anos Eliana deixou a Bahia e chegou a Sorocaba, mas diz que não imaginava ter de enfrentar a tensão que está vivenciando por aqui. “Minha filha jamais gerou uma queixa na escola. Não acredito que estamos tendo de passar por esse nervo por causa de um grupo de menores de idade”, afirma. Eliana chegou a registrar um boletim de ocorrência contra as adolescentes, que teriam ido à frente de sua casa para fazer ameaças.


Mães mudam suas rotinas

A reportagem encontrou um grupo de mães esperando seus filhos saírem da escola por volta do meio-dia de quarta-feira. Após casos de violência, elas passaram a levar e buscar adolescentes na porta da unidade de ensino temendo que jovens possam ser agredidos por motivos banais.


Polícia civil entra no caso
O delegado José Augusto de Barros Pupim, titular da Diju (Delegacia de Infância e Juventude de Sorocaba) afirma que está trabalhando para identificar as pessoas ligadas às agressões para verificar se realmente elas formam uma gangue. Vítimas e testemunhas das agressões, assim como as menores acusadas, serão intimadas a depor durante o inquérito já aberto.



Notícia Mayco Geretti
Agência Bom Dia

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