Reunião da Sociedade Brasileira de Psicologia vai debater bullying

domingo, 14 de novembro de 2010 Postado por Allan Pitz
Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil


Curitiba – A principal forma de prevenção de problemas como a violência escolar (bullying) é a identificação precoce do problema, defende a presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), Paula Gomide.

“Ao identificar o caso, está começando o processo de prevenção. Muitas vezes pais e professores têm dificuldade de entender que abusos psicológicos como comparações, xingamentos ao corrigir uma criança, atingem o ser, o que ela é, e não o seu comportamento e isso provoca baixa autoestima, o que a torna uma vítima fácil do bullying”, ressalta a psicóloga que participa de hoje (20) até sábado (23) da 40ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia.

O evento, que deve reunir cerca de 2 mil profissionais da área de psicologia do Brasil e de outros países, vai debater problemas como o bullying. Segundo Paula, a vítima desse tipo de violência, normalmente, se torna um adulto agressor, uma vez que a criança acaba mantendo o padrão de comportamento que vivenciou.

Tratamentos de desvios de conduta, como a psicopatia, também serão discutidos nos quatro dias de reunião. Uma das presenças aguardadas é a do canadense Robert Hare, renomado professor de psicologia da University of British Columbia, em Vancouver. “Ele é um dos maiores especialistas do mundo em psicopatia. É responsável por identificar os critérios que são aceitos universalmente para diagnosticar portadores dessa doença. Ele é responsável pela criação de um check list de pontuação para psicopatia, usado no Brasil desde 2000”, disse Paula.

Amanhã (21), o criador da cartilha Depoimento sem Dano: Problemas e Soluções, o juiz Antônio Daltoé Cezar, da 2ª Vara da Infância de Porto Alegre será um dos palestrantes. Ele defende o direito de crianças e adolescentes serem ouvidos nos processos que lhe dizem respeito. “No Rio Grande do Sul este método é usado em 26 municípios, existem outros estados que já estão utilizando e estamos sendo convidados a vários eventos jurídicos para demonstrar nossa experiência no projeto que teve início em 2003”, disse o juiz à Agência Brasil.

Segundo ele, pelo sistema tradicional, crianças e adultos permanecem juntos durante a audiência. No método do depoimento sem dano, a criança é ouvida em uma sala separada, há interatividade, mas psicólogas e assistentes sociais acompanham todo o processo intervindo sempre que necessário.

Para Cezar, crianças a partir de 5 anos já podem ser ouvidas e terem suas opiniões respeitadas. “Acompanhamos os depoimentos de cerca de 3 mil crianças de 2003 até hoje, só em Porto Alegre, e com o depoimento sem dano aumentou o índice de responsabilização em até 70% no total das denúncias, a maioria de abusos sexuais."


Edição: Lílian Beraldo

Notícia Agência Brasil

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